O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra faz ação de solidariedade no dia 17 de abril, com doação de 2 toneladas de comida em Rondonópolis, Mato Grosso. A ação integra a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que tem como lema “Ocupar, para o Brasil alimentar!” e acontece em todos os estados onde o MST atua.
O dia 17 de abril é marcado na história brasileira pelo Massacre de Eldorado dos Carajás, onde 21 trabalhadores rurais sem-terra foram assassinados pela polícia militar, na cidade de mesmo nome, no estado do Pará, em uma manifestação que pedia por terra, água e comida no ano de 1996. Naquele período o Movimento Sem Terra denunciava a ausência da Reforma Agrária e a violência no campo, passados 28 anos, as denúncias e a impunidade permanecem.
Neste último domingo, (14), assistimos com indignação a notícia do extermínio de vegetação nativa em fazendas no Pantanal, no Município do Barão do Melgaço, com uso de coquetel de agrotóxicos para desmate e desfolhagem das árvores em uma área de 80 milhões de hectares equivalente à 11 campos de futebol, sob o mando do fazendeiro Claudecy Oliveira Lemes, para avanço da pecuária.
O uso de agrotóxicos não afeta somente o Pantanal, área que vem sofrendo intensivamente com queimadas e desmatamento nesta década. O uso de veneno afeta toda a biodiversidade, as águas, o alimento e toda a população rural e urbana. O 2-4D, mais conhecido como agente laranja, é uma substância proibida mundialmente por ser usada como armamento para crime de guerra, ou seja, Claudecy cometeu crimes contra o Pantanal e contra toda a população mato-grossense, que sofrerá diariamente as consequências deste nefasto envenenamento, durante décadas.
Importante lembrar que o Mato Grosso passa por um histórico de crimes socioambientais anistiados pelo poder público, à exemplo do governador do Estado, Mauro Mendes.
O MST do Mato Grosso se soma em mais essa denúncia afirmando que todas as terras com crimes ambientais, com trabalhos análogos a escravização e de uso para atividades ilícitas, devem ser desapropriadas mediamente para assentamentos de reforma agraria conforme a Constituição Federal.
Nos marcos do 17 de abril, queremos reforçar, com o conjunto da sociedade, que a Reforma Agrária é a solução para deter os crimes contra a natureza, contra a população e, principalmente, que é a saída para enfrentar a fome, gerar trabalho e renda no campo e entregar alimentos saudáveis para o povo brasileiro. Nesse sentido, estamos fazendo a doação de duas toneladas de alimentos saudáveis, produzidos nos assentamentos da Reforma Agrária no estado, para o Recanto dos Idosos, a Associação Araxá, Associação Espírita A Caminho da Luz e para as famílias do bairro Maria Amélia, em Rondonópolis.
Em nossa ação de solidariedade temos: farinha de mandioca, mandioca, milho verde, abóbora, bananas prata e nanica, batata-doce e limão, produzidos pelas famílias dos assentamentos 14 de agosto, Egídio Brunetto, Canudos e Padre Josimo, localizados nos municípios de Campo Verde, Juscimeira, Pedra Preta e São José do Povo, respectivamente.
Que os crimes ambientais sejam punidos, que a áreas sejam destinadas para a Reforma Agrária e para a conservação ambiental a partir da agroecologia, e que a produção de alimentos chegue à mesa dos trabalhadores e trabalhadoras da agricultura familiar e camponesa.
Ocupar, para o Brasil alimentar!
Fonte: MST – Mato Grosso